sábado, 14 de janeiro de 2017

Dançaí, Negro Nagô!

Eram retirados de sua comunidade. De um dia para o outro ficavam sem família, sem amigos, moradia.
Lançados em porões gigantescos de navios, juntamente com centenas de outros irmãos, também sem família, sem amigos, que falavam dialetos diferentes.
Viajavam por mais de um mês em condições inimagináveis.
Quando não sobreviviam, ou quando estavam doentes, eram jogados no mar, descartados como lixo.



Chegando em "terra" firme, o pesadelo estava apenas começando. Viveriam a vida inteira submetidos a outros, que jamais aceitariam ser chamados de irmãos.
Eram aprisionados, mais uma vez.
Ou trabalhavam, ou morriam.

Mesmo trabalhando, eram massacrados psicologicamente, fisicamente.
E, com tudo isso, o que eles faziam antes de dormir? Cantavam. Dançavam. Deitavam e rolavam. Sonhavam acordados com sua Terra mãe. Reuniam-se. Alimentavam a esperança juntos. Resistiam e buscavam libertar-se.
O amor se fazia presente.

Eram negros cantadores. Encantadores. De inúmeras etnias. Uma delas é a Nagô.
Ainda hoje, inúmeras vezes são tratados da mesma maneira que há 229 anos. Ainda hoje encontram forças para resistir e cantar. E os atuais senhores de engenho continuam se fechando na casa grande, morrendo de medo dos Quilombos, acreditando que não têm nada a ver com a história.


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