domingo, 18 de maio de 2014

BEM VINDO(A)

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O que aprender com a derrota (Copa 2014)

Recitei IV

A mudança do símbolo

Recitei III

Participação no Programa Espaço Livre:

A PJ te representa?




É melhor morrer do que perder a vida

Se eu morrer por agora,
Faça ecoar um grito de quem chora
Mas não o seu, nem o meu grito
Porque nas causas que coloquei minha vida
Continuarei Vivo.

Por mim, faça valer a voz daqueles
Que infelizmente são oprimidos
Pela polícia, sociedade, pelo sistema
São violentados, exterminados, ou excluídos.

Se eu morrer jovem
Não terá sido em vão
Porque mesmo sendo jovem agora
Reconheço a Face de Deus em cada cidadão

Cidadão que luta, que sofre
Que não entrega-se tão fácil
Mas às vezes também sucumbe
A essa cultura tão volátil

Assim, não terei morrido
Em vão
Pois em cada pessoa, em cada coisa
Estará uma parte do meu coração

Em cada pessoa que passou
Por minha vida
Por isso, não lamentem
A minha partida

Se eu morrer velho
Espero ter cumprido meus anseios
Porque mesmo podendo ser manipulado
Meus versos nunca foram devaneios.

domingo, 11 de maio de 2014

BEM VINDO(A)!

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A mudança do símbolo

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A PJ te representa?




A mudança do símbolo


  • Antes de iniciar, preciso falar de dois conceitos: A criação e o livre arbítrio. O primeiro remete-se à universalidade e à unidade de todas as coisas: tudo que é "bom" veio de Deus e faz parte de Deus. O segundo é a liberdade de escolher entre ser parte de Deus e não ser: o livre arbítrio. Também devo falar que a "mudança" não foi uma troca dos princípios, nem de valores; mas sim um agregar de novos valores e o pensar em meios de garantir a ação de acordo com os princípios.


Venho de uma formação catequética e um amadurecimento da minha práxis teológica enraizados nas CEBs - Comunidades Eclesiais de Base - mas, sem um acompanhamento adequado para além do catolicismo mediático, também fui formado, se assim posso dizer, em movimentos neo-pentecostais. Daí pude provar de um leque de pensamentos religiosos, que enfim me fizeram entender a conjuntura e escolher o que ser e saber o que sou.

Para qualquer ser humano, mostrar seus pensamentos, suas crenças, seja por palavras, ou objetos, é fundamental, pois sempre buscamos formar grupos e estar em grupos de pessoas que pensem igual a nós. Assim também, um católico muitas vezes sente a necessidade de mostrar-se como tal. Eu sou assim. Preciso que as pessoas saibam quem sou e não tenho vergonha de mostrar meus pensamentos. Por isso, durante a minha formação fui acumulando símbolos que me identificam como cristão e católico. Gosto muito de todos os meus crucifixos, mas preferia os maiores. Na verdade, quanto maior, eu gostava mais. Era a ideia de tentar passar para as pessoas, que me encontravam, a mensagem do evangelho.

O crucifixo significa, para nós católicos, a vida vencendo a morte, mas também o perdão de todos os nossos pecados, porque Cristo morreu por nós, para nos salvar. Não há como escapar desse acontecimento. Ele veio para que todos tenham vida e vida em abundância.

Mas, para além da promessa de salvação, existe a livre escolha. E, temos certeza: ninguém escolhe ser injustiçado. "Bem-aventurados os que têm sede de justiça, porque serão saciados", disse o Mestre. Enquanto cristãos, temos a obrigação de promover a justiça em prol daqueles que a anseiam, mas não têm como experimentá-la.

Eis a grande diferença da teologia da libertação: nós não falamos apenas na criação, no direito de todos em serem salvos, mas também buscamos garantir que suas escolhas sejam respeitadas.

Há alguns meses, não uso o crucifixo. Não que eu tenha desacreditado da salvação, mas porque ela faz parte da criação. Na verdade, hoje uso com um colar que tem o rosto de Che Guevara esculpido num pedaço de madeira.

Essa mudança acontece a partir do meu entendimento de que a prática da justiça é a confirmação da promessa de Deus. A salvação está disponível. A justiça é possível de acontecer. Os ideais de Che, os ideais de justiça para com o povo oprimido é uma causa primordial para o evangelho e à teologia da libertação. Pelo que Jesus morreu, temos o direito. Pelo que Che lutou, temos responsabilidade, se escolhemos fazer valer nosso direito de salvação. Conheço os erros de Che, mais estou falando dos seus ideais.

"Sobre a cruz, carregou nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Por suas feridas fomos curados." - 1Pd 2, 24.

Para terminar, deixo com vocês a poesia de Dom Pedro Casaldáliga, sobre o Che:

"E, por fim, me chamou também tua morte
desde a seca luz de Vallegrande.
Eu, Che, prossigo crendo
na violência do Amor: tu próprio
dizias que “é preciso endurecer-se
sem perder nunca a ternura”.

Mas tu me chamaste. Também tu.
(Os temas compartilhados, dolorosos.
Os múltiplos olhares moribundos.
A inerte compaixão exasperante.
As sábias soluções à distância...
América. Os pobres. Esse Terceiro Mundo,
quando não há mais que um mundo,
de Deus e dos homens!)

Escuto, no transístor, como te canta
a juventude rebelde,
enquanto o Araguaia pulsa a meus pés, como uma artéria viva,
transido pela lua quase cheia.
Apaga-se toda luz. E é só noite.
Rodeiam-me os amigos distantes, vindouros.
(“Pelo menos tua ausência é bem real”,
geme outra canção... Oh! a Presença
em Quem eu creio, Che,
a Quem eu vivo,
em Quem espero apaixonadamente!
... A estas horas tu sabes bastante
de encontros e respostas.)

Descansa em paz. E aguarda, já seguro,
com o peito curado
da asma do cansaço;
limpo de ódio o olhar agonizante;
sem mais armas, amigo,
que a espada despida de tua morte.
(Morrer sempre é vencer
desde que um dia
Alguém morreu por todos, como todos,
matado, como muitos...)

Nem os “bons” - de um lado –,
nem os “maus” - do outro –,
entenderão meu canto.
Dirão que sou apenas um poeta.
Pensarão que a moda me ganhou.
Recordarão que sou um padre “novo”.
Nada disso me importa!
Somos amigos
e falo contigo agora
através da morte que nos une;
estendendo-te um ramo de esperança,
todo um bosque florido
de ibero-americanos jacarandás perenes,
querido Che Guevara!"