domingo, 26 de maio de 2013

BEM VINDO(A)!


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Sobre “bolsa-crack”, maioridade penal, morte do “Matemático” e assuntos correlatos.

O benefício só abrangerá usuários que procurem o tratamento voluntariamente, e cabe à clínica controlar o uso do dinheiro.
“O bom senso é a coisa mais bem distribuída do mundo: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que já possuem” – René Descartes. 

O motivo de começar esse texto com uma citação tão entupida de sarcasmo e ironia publicada pelo famoso filósofo francês em 1637 (na obra “Discurso sobre o método”) é bem simples: falta-nos bom senso. Tenho visto em todos os lugares – principalmente nas redes sociais – pessoas revoltadas se manifestando sobre as últimas notícias a respeito da criminalidade. Os assuntos mais populares são, na ordem: 1) redução da maioridade penal; 2) morte do traficante “Matemático”; 3) auxílio-reclusão; 4) “bolsa-crack”. Quase todos os discursos seguem o mesmo padrão: exigem endurecimento na forma como tratamos os criminosos, acham absurdas as medidas atuais do governo e discutem a legislação vigente. É até engraçado ver como subitamente todos, sem exceção, tornaram-se PhD’s em direito. Abordarei os assuntos na mesma ordem. 1) Redução da maioridade penal: Circulam por aí quadros comparativos informando que a maioridade penal em diversos países é mais baixa do que no Brasil, e questionando por que o nosso país seria “o único correto” e “todos os demais países estariam errados”. Nelson Rodrigues chamaria isso de “síndrome de vira-latas”. O cidadão mal-informado, como era de se esperar, se convence facilmente por esse tipo de discurso e passa a repeti-lo. O problema é que a informação é falsa. Quem quer que tenha iniciado essa campanha agiu de má-fé e propositalmente confundiu o conceito de maioridade penal com o de responsabilidade penal, que são coisas distintas. No Brasil temos maioridade penal aos 18 anos e responsabilidade penal aos 12, que é a idade a partir da qual um jovem pode passar por “medidas socioeducativas” – o que inclui internação, que nada mais é do que um termo maquiado para encarceramento em uma prisão juvenil. A Youth Justice Board, órgão público do Reino Unido, possui um relatório bem interessante sobre a maioridade penal nos diversos países, incluindo uma tabela comparativa que pode ser encontrada na página 35. A responsabilidade penal está listada no mesmo link, na página 30. O Ministério Público do estado do Paraná também possui um site destinado a comparar as idades de maioridade e responsabilidade penal nos diversos países. Como qualquer um pode conferir com base nas referências, as campanhas pela redução da maioridade penal que comparam a nossa legislação com a de diversos países são extremamente mentirosas. Mas vamos assumir que, apesar de serem falsos todos os dados que os recém-PhD’s em direito formados nas redes sociais usam para embasar suas posições, o Brasil ainda considere a ideia de reduzir a maioridade penal. As prisões brasileiras possuem um déficit de 240.000 vagas. Pretendemos colocar ainda mais gente na cadeia? 40% desses presos são provisórios e muitos, inocentes, sofrem com as condições sub-humanas das nossas prisões e acabam com sequelas irreversíveis. Não são incomuns casos de inocentes que apanharam ou foram estuprados e ainda sofrem com as consequências. Talvez os adeptos da redução da maioridade penal pretendam resolver o déficit de vagas colocando aqueles que infringem a lei em contêineres, como já ocorreu no Pará e no Espírito Santo. Além disso, a reincidência dos menores que já foram internados chega a 80% em alguns lugares do nosso país, o que é muito alto e mostra como a ideia de colocar todo mundo na cadeia é tresloucada. A proposta do senso comum é usar a lei e o estado como uma chantagem contra o contraventor: “se você transgredir a lei, vai pra cadeia”. Só que colocá-lo na cadeia com a nossa estrutura carcerária atual estimula o menor a infringir a lei novamente. Em outras palavras: pôr os menores na prisão não resulta em nenhum benefício para o restante da sociedade. E se eles sofressem penas da mesma forma e intensidade que os adultos? A reincidência de criminosos adultos também é incrivelmente alta, de 70%.
Além do mais, Qual seria o critério para estabelecer a nova idade de maioridade penal? Vejo muitos defendendo que a redução seja para dezesseis anos, mas sem nenhuma justificativa objetiva para isso. Por que não dezessete? Por que não quinze? E catorze? Qual será o critério para determinar a idade? É um critério objetivo ou se baseia somente em “achismos”? Quem nos garante que com a redução da maioridade penal para, por exemplo, dezesseis anos, os chefes de gangues não começariam a cooptar adolescentes ainda mais jovens para o crime? Por ironia, países em que as prisões são mais humanas conseguem reabilitar boa parte dos seus presos. É o caso da Noruega, que recupera 80% da população carcerária (só tem 20% de reincidência). Existe uma diferença de mentalidade entre eles e nós: lá as prisões servem para fazer bem à sociedade, e não para fazer mal a um indivíduo que parte da população considerou “indesejável”. “Mas então devemos deixar esses menores matando por aí, certos de que não haverá punição?”, vocifera o “cidadão de bem” indignado. Claro que não. Para começar, entre 70% e 80% dos crimes praticados por menores são contra o patrimônio. Eles estão pichando muros e furtando, não matando. Só 11,6% cometem crimes contra a vida (homicídio, por exemplo). E, independente de qual seja a infração ou crime que cometam, eles devem ser punidos. Só não devemos nos deixar levar por um sentimento generalizado de vingança social quando discutirmos as punições. Até hoje ninguém forneceu um único argumento a favor da diminuição da maioridade penal que não se baseasse em algum tipo de vingança contra o infrator. É sempre a repetição das mesmas frases: “e se fosse com você e com sua família?” (e quem disse que nunca me aconteceu?), “não podemos deixar eles soltos” (como se a única forma de punição legalmente prevista fosse cadeia – serviço comunitário é punição, multa é punição…), “eles precisam ser punidos” (sendo que o propósito social do sistema carcerário não é punir, e sim reabilitar), e assim por diante. O único discurso que vejo não se basear em vingança é “se podem votar aos 16 anos, por que não poderiam responder criminalmente?”. Embora persuasivo, esse questionamento tem tanta validade quanto perguntar: “se a bicicleta é vermelha, por que o chocolate não é salgado?”. Misturam categorias diferentes. 2) Morte do traficante “Matemático”: Não foi por acaso que escolhi uma citação de René Descartes, famoso matemático, para iniciar esse texto. Mas deixemos o sarcasmo de lado. Recentemente uma conhecida rede de televisão divulgou um vídeo sobre uma operação policial ocorrida um ano atrás, na qual um perigoso traficante foi morto por policiais que efetuaram disparos a partir de um helicóptero.
Aqueles que pedem o embrutecimento do estado alegam que é função do policial eliminar elementos nocivos à sociedade, principalmente se houver resistência à prisão. Embora eu concorde que se houver resistência à voz de prisão o policial pode (e deve) usar a força, não necessariamente essa força deve ser letal. Só se deve usar força letal se o suspeito apresentar risco à vida do agente ou de terceiros. Não foi o caso nesta situação. Os policiais atiraram primeiro e sequer havia como darem voz de prisão pois estavam no alto, em um helicóptero. Não estavam reagindo, pois os suspeitos só atiraram depois da primeira salva vinda do helicóptero da polícia. Foi uma execução sumária. Considere-se ainda como agravante o fato de que os policiais distribuíram disparos a esmo em uma área densamente habitada como se fossem personagens em um jogo de videogame. Qualquer praticante de tiro sabe que toda munição disparada representa um risco, ela irá atingir algo. Se esse “algo” é um objeto inanimado ou uma pessoa é onde reside a diferença entre um tiro que errou e uma bala perdida que ceifou a vida de alguém. Além disso, nunca foi função do policial eliminar criminosos. A população trata a polícia como um grupo organizado de capatazes, jagunços ou capitães-do-mato que possuem a função de “nos” proteger (os “humanos direitos”) “deles” (os “bandidos”). Não é assim que funciona, a coisa não é preto-no-branco. Essa não é nem nunca foi a função do policial, e no dia em que passar a ser ele será exatamente igual a qualquer gângster comum. Infelizmente, por falta de formação, alguns policiais absorvem esse discurso do senso comum e não só já agem assim, como propagam esse modo de pensar aos quatro ventos. Não são incomuns casos de cidadãos confundidos com criminosos e executados pela nossa polícia extremamente mal-treinada. Provavelmente poucos ainda se lembram do caso do menino João Roberto, que morreu após ter sido atingido por um tiro quando a polícia abriu fogo contra o carro de sua mãe. Há ainda o caso de Hélio Ribeiro, morador do Morro do Andaraí, que foi morto quando um policial confundiu sua furadeira com uma arma de fogo. E o que dizer sobre o também menino Juan Moraes, que foi assassinado por policiais que ainda tentaram esconder seu corpo? Esses são só alguns casos dentre vários que se repetem diariamente Brasil afora. Não podemos permitir que a polícia aplique penas sumárias sem que os suspeitos sejam julgados pelo simples fato de que isso implodiria nossa sociedade por quebrar a divisão entre os três poderes (executivo, legislativo e judiciário). A polícia é um dos braços do executivo, não cabe a ela o papel tríplice de julgar, determinar e aplicar penas. Julgar e determinar penas é função do judiciário. Muitos inocentes morrerão se invertermos os papéis. Precisamos de uma polícia eficiente, bem treinada e bem equipada, mas a função dela não é caçar bandidos e abatê-los. Sua função é levá-los ao judiciário. Uma polícia embrutecida e que ministra a violência da forma que quiser, sem nada que a regulamente, não é muito diferente de uma gangue. Estão dizendo, sobre a morte do “Matemático”, que é menos um. A verdade é que o mataram sem mais nem menos. 3) Auxílio-reclusão ou “bolsa-bandido”: Aparentemente nenhuma das pessoas que protestaram contra isso se deu ao trabalho de verificar as regras da previdência social em relação ao auxílio-reclusão. Trata-se de um benefício destinado aos dependentes do preso, não a ele próprio. Isso significa que se um pai de família for preso por um motivo qualquer, sua esposa e seu filho não passarão fome e não terão de entrar na criminalidade para se sustentarem. E o benefício é válido apenas para presos que estavam contribuindo com o INSS no momento da prisão. “Mas que criminoso contribui com o INSS?”, pergunta o “cidadão de bem”. Exato: o benefício não se destina a criminosos contumazes (os “bandidos profissionais”), mas a pessoas comuns, com empregos, com dependentes, que porventura acabem cometendo algum crime e sejam presas por isso. Além disso, o valor recebido é determinado com base no salário-base de contribuição, e não é necessariamente maior do que o salário mínimo – se o preso sempre contribuiu com um valor equivalente ao salário mínimo, sua família receberá este valor. Se ele contribuiu com mais, há um limite para o valor do auxílio – quem ganhava salários altos antes de ser preso não tem direito ao auxílio-reclusão. É interessante ver como o brasileiro sempre reclama que a lei não é cumprida, mas quando o governo decide cumprir as leis atribuem ao fenômeno um nome falacioso qualquer e demonstram resistência à ideia. O uso de drogas hoje é visto no país como uma doença e, apesar de ainda ser crime (vide artigos 28 a 30 da lei 11.343/2006), não cabe mais a reclusão em presídio. O cartão-recomeço, que foi apelidado de “bolsa crack”, é a previsão legal (artigos 20 a 26 da referida lei) de que o governo deve implementar políticas públicas para tratamento dos usuários de drogas. Novamente, a maioria das pessoas não se deu ao trabalho de procurar saber que o cartão se destina ao pagamento de clínicas para o tratamento do dependente químico, e nem o usuário de drogas e nem a família dele terão acesso ao dinheiro. O benefício só abrangerá usuários que procurem o tratamento voluntariamente, e cabe à clínica controlar o uso do dinheiro e a frequência do dependente químico no tratamento, pois é ela que ficará em posse do cartão. Se o temor do “cidadão de bem” é que o dinheiro do contribuinte seja usado para comprar drogas e a pessoa afunde ainda mais no vício, esse cidadão é um idiota que sequer procura uma informação antes de enunciar seu julgamento a respeito. Então, após tantas críticas, como resolver o problema da criminalidade? Não é tarefa simples. Todas as posições dantescas que vemos serem defendidas pelos especialistas em segurança pública formados em redes sociais se baseiam justamente na simplificação absurda de um problema altamente complexo. É necessário aumentar a eficiência do judiciário, construir novos presídios – bem equipados e organizados, como os Noruegueses – para suprir o déficit de vagas e treinar a polícia para que execute sua função apropriadamente. Com a primeira medida, teríamos um desafogamento dos presos provisórios e decisões mais céleres que retirassem de circulação os criminosos realmente perigosos. Com a segunda, teríamos presídios que efetivamente recuperassem os presos ao invés de piorá-los, diminuindo a reincidência. Com a terceira, passaríamos a ter medo apenas dos criminosos, e não temeríamos cruzar o caminho de algum policial que pensa estar em uma zona de guerra. E qual a razão de tantas pessoas defenderem sandices quando o assunto é segurança pública? Em parte, creio que o problema esteja com a venda casada de ideologias, assunto que abordei em ocasião anterior. O brasileiro mediano é tão desesperado para se encaixar em um grupo social qualquer que voluntariamente abre mão de seu raciocínio crítico assim que se apresenta a oportunidade, sucumbindo a falsas dicotomias e maniqueísmo tolo. Se você criticar uma ação da polícia, é porque “é contra a polícia” e, consequentemente, “é a favor dos bandidos”. Foi assim que surgiu o trocadilho imbecil de qualificar como “defensor dos direitos dos manos” qualquer um que critique a forma como o sistema penal ou o carcerário funcionam no nosso país. Como afirmou um leitor, as pessoas tendem a terceirizar o seu pensamento ao invés de coletarem informações e formularem uma opinião própria. Em resumo: falta-nos bom senso. Mesmo que julguemos que já o possuímos em quantidade suficiente. Agradeço a Vinícius Arena por indicar as leis referentes ao quarto tópico abordado.

DAVID G. BORGES - colunista do site Enfu.

Fonte: Revista Central

terça-feira, 21 de maio de 2013

BEM VINDO(A)!


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Um banho de Teologia da Libertação

O texto de hoje é sobre o vídeo a seguir:


 

Acho que antes de ler minha opinião, você já deve imaginar que eu discordo. Mas vamos aos meus argumentos:

Eu acho que não há relativismo maior, do que acreditar que a Verdade só foi e é revelada a uma parte dos homens.
Partindo da crença de que o Cristianismo, e em particular o catolicismo, tem todos os elementos possíveis, que englobam todos os meios para a salvação do homem (pois é isso que está no Catecismo e que eu acredito), precisamos dar um passo além do estágio que o Pe. Paulo está.

Se tem uma passagem que pode exemplificar muito bem qual é esse passo, é a do livro de São Tiago 2, 26: "A fé sem obras é morta."
Ao entrarmos em contato com a revelação máxima de Deus, a última tentativa de salvar o mundo, a "eterna aliança", nós temos a obrigação de interpretar essa revelação, sem restringir a imagem da função que tem, como domínio, as boas obras que são realizadas por qualquer pessoa.
Para mim, qualquer pessoa que adore a um ser superior, ame os outros como ama a si mesmo e aja de acordo com o que crê, está salvo.

Um grande pensador e meu professor diz o seguinte:
"Um algebrista entende Deus do mesmo modo que entende número e numeral. Numeral é representação e a transmissão da ideia de número. Você pode representar números em bases diferentes mas ainda assim o número é o mesmo. Quando você escreve a palavra "Árvore" quer seja em português, alemão, chinês, japonês ou outra língua qualquer o fato de você não entender a escrita não muda o significado do que a palavra representa. O mesmo acontece comas religiões: o fato de expressar Deus de forma que você não entende , não significa que Deus não esteja presente. Viva a tolerância religiosa, mesmo que eu não seja religioso."

Eu concordo que historicamente, religiões, ou crenças, levaram as pessoas a agirem contra o amor de Deus e contra a dignidade de outras pessoas. Mas discordo que o Cristianismo está num patamar acima das outras, porque acreditamos da Divindade de Jesus. Para mim, isso só nos torna mais responsáveis pelas outras culturas. Responsáveis em entendê-las. Responsáveis em respeitá-las. Se temos a faca e o queijo na mão, por que nos limitamos a comer o queijo sem cortá-lo?


Para mim, o evangelho é nada mais do que: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como amamos a nós mesmos.
Colocar isso em prática é crer em Deus.
Ir pelo mundo e anunciar o evangelho, é ir pelo mundo, pregar o amor e agir com amor. Não vejo amor em quem age para com o mundo, como se somente um jeito de rezar, um jeito de ser, um jeito de adorar fosse o certo. O amor infinito entende a todos. Sabe tudo o que uma pessoa, um povo, uma cultura, uma religião passou, viveu e todas as oportunidades que teve à sua frente.
Ser Cristão é imaginar-se amando o outro, da forma mais perfeita possível, e ainda sim saber que não chega nem perto do que é o Amor de Deus.
Eu não prego que deixemos os ensinamentos de Cristo de lado, prego que reconheçamos a verdadeira Cristandade nos outros povos, nas outras culturas, nas outras crenças.

E não esqueçamos que a quem mais foi dado, mais será cobrado. O que nos une é muito maior do que o que nos desune.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

BEM VINDO(A)!


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A mudança Clama para existir:


Dedico esse texto ao Saudoso Professor Genevando Xavier, que nos deixou no dia 01/02/2013 e além de ter ajudado na minha formação, foi meu grande mestre nas três últimas semanas, antes de sua partida; quando fiz estágio com ele. Fiz esse texto durante uma de suas aulas. Acredito que, infelizmente, estamos num ciclo vicioso, que precisa de pessoas muito corajosas para mudar os rumos que nossa educação pública mostra ter hoje.

A mudança Clama para existir:

O problema estrutural da educação básica brasileira é a mentalidade dos estudantes. Algo, ou alguém, faz as crianças e adolescentes encararem a escola como um local apenas para se construir amizades e/ou relações conflituosas com outros estudantes. Por mais que alguns compreendam o valor que a escola tem para o seu futuro, a porcentagem desses ainda é muito pequena. É cultural: no Brasil, alguém que gosta de estudar, que é disciplinado e que tem boas notas é excluído das rodas de amizade e, como todos sabem, o bullying acontece. A TV é inimiga número um da boa conduta escolar e a internet tomará esse posto em pouco tempo.

Em todas as instâncias sociais de nosso país, ser aprovado em universidades públicas ainda é digno de algum reconhecimento. Mas o problema está aí! A Universidade precisa ser um meio de se chegar ao emprego desejado, mas hoje a aprovação no vestibular é um fim em si mesma. A escola, atualmente, tem um único objetivo: preparar os estudantes para o vestibular, nunca para a vida. Esquecemo-nos que nem todos terão lugar no ensino superior, que ainda se utiliza de mecanismos arcaicos para avaliar quem está apto, ou não, para o ingresso. Enfim, somente uma prova (ou até cinco) define(m) o futuro de milhões de brasileiros, todos os anos; já que ser aprovado é o auge, como prega a sociedade.

A escola precisa ser reconstruída do zero. Um beija-flor, no meio do incêndio, pode ajudar, se conseguir garantir que onde ele já jogou água, não se incendiará novamente. É isso que os professores devem começar a fazer. Um estudante, seja ele quem for e de onde veio, precisa subir degraus, ao encontrar professores. O ensino deve levar o estudante a querer investigar, fora da escola, o que ele viu em sala de aula. É um complexo e dinâmico problema, que acaba recaindo sobre os colos do sistema, que tem todos os artifícios e todas as manhas para fazer isso acontecer.
Somos só formigas tentando levar folhas gigantes para casa.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

BEM VINDA(O)!


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A Mudança clama para existir:

Quem é esse(a) tal homossexual?

O que Maria não diria

Não sou ninguém na Igreja e no Reino de Deus para dizer o que Maria deve ou não dizer. Se ela foi enviada pelo filho como mensageira, se aparições acontecem, ela certamente sabe o que dizer. Mas se não confere com a Bíblia, eu fico com a Bíblia e descarto aquelas aparições. O que diz a Bíblia continua sendo mais importante do que o que dizem os livrinhos dos videntes. Ao ler alguns livros de videntes me vem a certeza de que muitos deles estão dizendo que Maria disse uma coisa que Maria nunca diria. Tenho em mãos alguns folhetos de piedosos irmãos católicos dizendo:

a- Que o terceiro milênio será de Maria;
b- Que Jesus se cansou dos pecados do mundo e vai punir;
c- Que Maria está segurando o braço dele;
d- Que a reza do terço é garantia de salvação;
e- Que nove dias depois de começar uma série de orações o milagre acontece;
f- Que bons padres usam batinas e que Jesus quer isso;
g- Que " todas" as graças do céu passam por Maria;
h- Que se alguém usar um objeto no peito com a imagem dela, terá o coração protegido contra o pecado;
i- Que quem invocar o nome dela será salvo;
j- Que se Jesus não atender é só pedir a ela que Ele dá um jeito;
k- Que ela nos tirará do purgatório logo, se orarmos aquelas orações durante sete sábados;
l- Que ela resolve qualquer problema, se o fiel fizer exatamente aqueles rituais de sete ou nove dias.

Sei que nunca serei bispo, mas se fosse, não aprovaria nenhuma dessas mensagens porque negam verdades da fé. Quem lê a Bíblia e estuda o catecismo católico sabe do que estou falando. Algumas dessas mensagens atribuem a Maria um poder maior que o de Jesus. Outros colocam Maria preocupada com detalhes que nada tem a ver com a fé ou com a moral da pessoa; e outras garantem que o número de vezes e o tipo de oração determina o tamanho de uma graça.

Maria não diria isso porque são inverdades. E há muitas palavras atribuídas a ela que certamente nasceram de cabeças sem Bíblia nem catecismo. Aliás, a quase maioria dos videntes viu anjos demais e Bíblia e catecismo de menos. Depois, atribuem suas frases a Maria e complicam a situação, porque muitos fiéis sem preparo, acabam dizendo que Maria disse coisas que Maria não diria. Há muitas noticias falsas sobre Maria dentro e fora da Igreja, a favor e contra. Depois de Jesus Maria é uma das pessoas mais deturpadas da história! Amar Maria é também defendê-la contra esse tipo de videntes.

Pe. Zezinho, SCJ.


domingo, 12 de maio de 2013

Quem é esse(a) tal homossexual?


Sou jovem, católico apostólico romano, batizado e crismado. Talvez essas informações sejam suficientes para que você feche a janela e não volte mais aqui. Mas eu peço que leia até o fim.

Muito tem-se falado sobre a luta por direitos iguais, que os homossexuais travam desde os primórdios da humanidade, mas que ganhou força nos últimos anos. Confesso que, para um cristão, entender realmente quem é o cidadão homossexual é uma tarefa difícil. Isso porque crescemos bombardeados, rotineiramente, por declarações, ou opiniões de alguns padres e até familiares, sobre a proibição irrevogável que há na Bíblia sobre as relações homossexuais. Assim, eu, como a imensa maioria dos cristãos, assumi o discurso de que o homossexual é amado por Deus, mas a homossexualidade não, tornando os "portadores" dessa "anormalidade na natureza humana", pessoas que não podem ser elas mesmas, se quiserem seguir a Cristo.

Como não posso falar sobre o que não vivo, nem o que não vi, devo ater-me à minha igreja. Oficialmente, um homossexual pode ser batizado, fazer primeira comunhão, ser crismado e, até, ordenado. Dentro da igreja, quem é católico mesmo, sabe que tudo depende da consciência da pessoa, se ela diz que não "está em pecado", ninguém poderá dizer o contrário. Mas sabemos que muitas pessoas vivem para tomar conta da vida dos outros, e os comentários destrutivos são frequentes, quando um homossexual vai à fila da Comunhão. Quem deveria ser o primeiro a acolher (o cristão leigo), é o primeiro a condená-los e afastá-los do altar. Mas é claro que há muita mão do alto escalão da hierarquia católica, nesses atos.

Bom, como todos sabem, a Igreja não permite que homossexuais casem-se. Ela orienta que eles aceitem sua sexualidade, mas que abstenham-se das relações sexuais e que levem isso como "uma cruz", um caminho para a "salvação". Esse é o posicionamento oficial. O que vemos aqui é uma negação de que a homossexualidade é uma identidade, ou um gênero, mas sim que é uma opção das pessoas, que elas deveriam "voltar atrás" e optarem por não viverem sua sexualidade. Na minha opinião, só há três maneiras de convencer-se do discurso que as Igrejas usam: primeiro é a situação acima (uma opção que pode mudar), ou uma doença, que pode ser curada, como algumas pessoas pregam, ou então, que a pessoa está possuída por um espírito impuro (ou maligno), como também estão falando por aí. (Eu vou dar um tempinho para você parar de rir)...

Sendo modesto, é um pouco contraditório, a pessoa acreditar que deve amar a todos como ama a si mesma, mas também acreditar que o homossexual está numa das categorias acima. "A homossexualidade foi encontrada em 245 espécies, o preconceito só em uma.", como dizia uma postagem no Facebook. As Igrejas precisam entender que ninguém gosta de ser oprimido e, na conjuntura de hoje, ser diferente da maioria gera muitas lágrimas de aborrecimento, angústia e temor. Por que alguém iria ESCOLHER ser homossexual? Não é uma roupa, que troca-se todo dia; é preciso aceitar-se, antes mesmo de ser na prática. E, na boa, ninguém escolhe ser oprimido, motivo de chacota. Simplesmente a pessoa é, e às vezes não tem a resposta do porquê ser assim. As outras duas alternativas, não precisa explicar porquê estão erradas. A ciência já deu respostas além do necessário.

Também, o que vejo de mais inquietante na comunidade LGBT é o discurso das Igrejas contra a União CIVIL de homossexuais. Eu pergunto: O QUE AS IGREJAS TEM A VER COM ISSO? Esqueceram que o país é Laico??? (na verdade sim, mas muitos os fizeram lembrar). Nenhuma igreja pode querer que o legislativo siga a Bíblia, porque se há esse precedente, o Islã terá todo o direito de obrigar que hajam leis, feriados, decretos sob a regência d'Alcorão. Os Espíritas poderão usar os livros de Kardec para pedir que se criem leis, ou que deixem de existir. Os adeptos do Candomblé poderão decretar que todos os Brasileiros produzam oferendas aos Orixás. Os índios nos obrigariam a adorarmos o Sol, a dançarmos a dança da Chuva, a fazermos seus rituais com Maconha, com sangue, etc... Estão vendo como a nossa religião nos olhos dos outros é refresco?

Assim como a participação de Negros nas Missas era negada, assim como foi um processo lento  para que o Estado pudesse separar casais, também será a "alforria" dos homossexuais. O que não pode acontecer, nunca, é a minoria tornar-se opressora, quando consegui virar maioria. Direitos iguais são direitos iguais, nada mais do que isso. Mas eu acredito muito nas causas LGBT. É claro que há exageros de todos os lados. Devemos buscar o equilíbrio.

A "Bíblia" do Congresso DEVE ser a Constituição. Qualquer igreja tem o direito de negar-se a acolher quem quer que seja, ou negar-se a celebrar casamentos; mas não podem levar suas regras para além dos seus templos e/ou fiéis. Senão, a casa de Maria Joana que já temos, desabará. E eu não tenho dúvidas sobre a opinião de Deus sobre Sua palavra na política: "Dai a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus".

Essas são palavras de um Católico, Apostólico Romano, militante da PJ, adepto da Teologia da Libertação, estudante de Licenciatura em Matemática - UFBA.

Axé.